sexta-feira, 11 de julho de 2014

Oslo, 31. August - Oslo, 31 de agosto


     A Oslo da infância/adolescência, é “reconstruída” com relatos fragmentados, cenas antigas e trilha suave. Um mosaico de momentos felizes agora envolto por nostalgia e desesperança. 
      De cara, uma tentativa frustrada de suicídio nos é apresentada. Aquela velha tática à estilo Virginia Woolf de encher os bolsos com pedras - não tão pesadas quanto a consciência do protagonista - e finalmente, atirar-se no rio dá o rumo para Anders matar todos os seus demônios e as consequências de seus atos. Então, o que levaria um rapaz, no auge de sua jovialidade, a tomar tal decisão?
   Aos olhos da sociedade ter boa família, boa aparência e inteligência é o suficiente para estar satisfeito com a vida. Anders parte deste princípio e nos expõe a face deteriorada pelo remorso, culpa e a falta de prazer para restabelecer sua vida depois de ter-se afundado nas drogas.  
       Sua relação intermitente com entorpecentes parece finalmente ter encontrado seu ponto final e este saí da clinica de reabilitação para uma entrevista de emprego em Oslo, sua cidade natal.
  Lá, resolve reencontrar um amigo e neste momento, desenvolvem-se belas conversas (profundas e até filosóficas) acompanhadas de maravilhosa atuação. Ver seu amigo em uma relação estável, com filhos e com bela aparência o deixa ainda mais envergonhado com sua condição de loser, mas aos poucos fica nítida a verdadeira condição do amigo, que também tem do que se queixar, descrevendo seu dia-a-dia e seus sentimentos diante da própria realidade.
     Anders finalmente desloca-se para a entrevista. Lá, sem ao menos dar uma chance a si mesmo, joga seu currículo no lixo depois de uma conversa embaraçosa onde precisa revelar o porquê de um período tão grande de ociosidade e improdutividade. Acredito que esse seja o ponto chave do filme, onde o “destino” de Anders é fatalmente decidido.
    Pela cidade, percorre os caminhos já conhecidos, até reencontrar-se com velhos amigos ou velhos fantasmas. Adquirindo drogas, bebendo, perambulando por baladas e festinhas, chega a uma piscina, acompanhado por uma bela garota, mas decide não mergulhar aquelas águas, afinal sua viagem deve ser solitária e privada.
    Então, depois de uma cena belíssima de Anders ao piano, a inevitável entrega às drogas acontece...
     "Oslo, 31 August" é uma história de escolha do diretor Joachim Trier. Nela, o protagonista tem 24 horas pra decidir se quer viver ou entregar-se à morte. O filme tem um ritmo gostoso, apesar de que, para a maioria, vá parecer lento e chato, mas é intercalado por ótimas canções pop's e bela fotografia.

 Publicado em 22.06.2012 - Editado 
   

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